domingo, 17 de março de 2013

Pedaços de Uma Carta


Em um balance do tempo,
Voltam os pesos do passado.
Empilhado sobre o papel picado,
Remoendo as dores de um antigo amor.

A cada pedaço de papel cortado
Lança-me torturas!
Em fios da celulose espedaçada
Folgando os retalhos que costurei.

Chorei lagrimas secas
Pela dor do meu pranto solitário
Acho que não sinto mais nada...
As lagrimas presas em meu coração,
Inundam-no em correntes de tristeza.


Borradas por lagrimas,
As letras já não são as mesmas,
Os sentimentos também não,
Só me restam as lembranças d'outrora
E os pedaços do meu passado
Repicados entre linhas e letras. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Tão Profundo.


Costumava a cavar meu ego,
Para que não me fizesse raso.
Buscava cegamente as profundezas,
Para que profundo me tornasse.

Escavei com todas minhas forças,
Fazendo do suor o meu combustível
O cansaço calejava meu corpo
Tentado pelo meu próprio imo.

Acho que fui longe demais...
Estou profundamente vazio,
Desesperado...
Devolvendo a terra ao buraco.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Os Homens Baratos


Todas as luzes já se encontram apagadas.
As baratas perambulam pelos cômodos,
Entorpecidas pela sua dose de veneno diário
Vagam enlouquecidas...

Quantos homens baratos conheço?
Fadados ao embaraço noturno,
Embriagados pelo inseticida que lhes foi servido,
Escondem-se pelos cantos e buracos.   

Já não me recordo quantos homens conheço,
Constantemente esmagados a chineladas,
Vagam perdidos, alimentando-se das sobras,
Já não há mais saída,
Vivem tortuosamente, a espera do seu destino,
Ao encontro de qualquer calçado...
Vai-se mais um pobre coitado.  

domingo, 10 de março de 2013

A busca pela felicidade

Uma dose de soma, por favor!
Preciso de um pouco mais de vida,
Algumas gramas de soma devem nos sustentar,
Felicidade... A sua busca não é mais necessária!

Será que precisam de tanta alegria?
Escondem dores em quinhões cotidianos.
Esquecem que a melancolia não se mascara em sorrisos,
Que as tristezas fazem parte da vida,

Estar feliz não é estar bem.
Não me basta apenas existir
A vida precisa de um pouco mais de poesia,
Sim, poesias vagabundas, banais!
Poesia suja, tão suja e triste quanto à vida!

Precisamos das tristezas,
Dentre elas flamejam espetáculos
Como um bom filme dramático,
Parando em meio a hipócrita busca ao pranto,
derramando lágrimas ao léu.

O sol merece palmas em sua morte diária,
Esquecemos que como ele... Renascemos todos os dias!
Dois gramas de soma já não é o suficiente,
Quando se descobre que os sorrisos viciam.

sexta-feira, 8 de março de 2013

O segredo dos mares



As mulheres são como o mar.
Embora o planeta seja terra,
São as águas que o dominam,
As entrelaçam como aos homens,
Que amam e temem o enorme mar.

Mesmos mares que sempre conquistaram os navegantes,
Que os engoliram ou conquistaram em noites de braveza,
Ao mar escuro, coberto pelas belezas da lua,
Tomando para si o brilho das estrelas.
A sua calmaria, que acalenta como as caricias de uma mulher.

Os mares são como as mulheres,
Possui a força; a beleza; os charmes de uma mulher.
Muitos sonham em conquistar os mares,
Navegam, aventuram-se, o temem, o respeitam...

Nadam, nadam e tornam a nadar...
Mas não conseguem entender os mistérios marítimos.
Os que entendem não voltam mais,
Agora sufocados, afogam-se em seus segredos,
Agora amam, não precisam mais voltar.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Batidas desconhecidas.



É possível ouvir as batidas em seu peito,
Mas o que deve ser esse barulho?
Sempre achou que não tinha coração.
Desde menino, quando ainda era um tico de gente
Já não havia nada em seu peito.

Seu peito vazio remoia calafrios dentro de ti,
Até ria, imaginava como seria seu intimo...
Como aquelas cenas de faroeste,
Em uma cidade vazia, abandonada...
Flutuando bolas de poeiras e palhas levadas pelo vento.
Forte vendo em um peito seco,
Não entendia porque agora batia.

Mas lá estava ela!
Mesmo que sua acidez tentasse negar,
A bela moça estimulava tal desconforto.
Perto dela, não conseguia se quer esboçar seus risos ranzinzas,
Facilmente substituídos por sorrisos abobalhados.
Sua dor era forte, mas prazerosa...

Descobriu que tinha de fato um coração!
Mas o que faria agora? Nunca teve um...
Algo estava batendo em seu peito,
Expulsando as poeiras que vagavam.
Mas calado pensava... Nada como um amor,
Para ensiná-lo a usar o que não conhecia.

segunda-feira, 4 de março de 2013

O Segredo De Uma Rochidez


Por detrás do teu belo sorriso de moça,
Esconde suas fantasias de menina,
Como uma couraça que a protege,
Acolhida por si mesma
Receosa e orgulhosa demais para carinhos alheios.

Sua pele macia e morena esconde tamanha rochidez.
Mas é apenas um resguardo, assim acredito;
Me queimava em indecisões,
Dentre todas as fagulhas que liberava por atrito.
Lá estava ela, escondida por suas curvas...
Uma flor,
Morena e mais bela flor.
Seu perfume enfeitiçava-me,
Deveria realmente se guardar,
Afinal, todas as rosas cairiam de ciúmes de ti.

Cravou em mim suas lembranças,
Agora me deixe aqui, fitando suas pétalas entre a rocha.
Em meio aos suspiros indecisos, aguardo ansioso...
Pelo seu lindo desabrochar, morena. 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Quanto custa o tempo?


Alarmes, buzinas, uma sinfonia em ruídos.
Não há mais tempo, precisamos correr!
Afinal, “tempo é dinheiro”,
Preciso ser sempre o melhor!
Egos maiores do que a si mesmo.

Um derrubando o outro,
Como em uma partida de xadrez
O xeque? Um milhão de dólares.
Piões que defendem o rei,
Cegos, fazem sempre o mesmo movimento.

Desperdiçando tempo, perdendo dinheiro,
Pagando com a vida, segundos de gozo.
Vestindo-se, casando-se, morrendo...
Quem terá o melhor funeral?
Exibindo-se até póstumas.

Batidas no relógios, “Tempo é dinheiro!”,
Corre! Eu quero mais uma Mercedes!
Mostre-se, há mulheres em prateleiras,
A imagem é o que sempre importa.

Esquecendo-se que dinheiro não é tempo,
Muito menos se parcela no credito.
Nem com toda fortuna do mundo,
Compraremos os minutos perdidos.