domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Menino Que Subiu o Morro


O menino ao morro subiu,
Lá de cima espantou-se!
Com tanta beleza e tanta miséria,
O menino chorou...
Afinal, lagrimas de alegria ou tristeza?
Nem ele mesmo saberia dizer.

Em casa tentou dormir,
A imagem perturbadora permanecia na lembrança
Por isso, apenas duras e persistentes tentativas,
Sua insônia pesava-lhe o corpo.
Caia aos prantos, esmagando os olhos entre os lençóis.
As imagens martelavam seus pensamentos,
Rasgando qualquer outra figura a se formar...
As tristes e belas imagens do morro.

Ouviu então como sinos tocando,
Outro barulho conhecido.
O medo misturava-se a curiosidade,
Agora tudo era diferente!
O peso era imenso para o pobre menino,
Parecia carregar o mundo em suas costas.

Já era tarde...
Tão tarde para uma criança ir dormir,
Tão cedo para subir ao morro.
Mas não para os meninos de lá.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Eternidade dos Segundos


Toda vez que ela chamava teu nome,
O tempo parecia ficar mais lento,
Era possível ouvir as folhas tribularem,
Murmurando canções de amor em seus ouvidos.
Permanecia ali, parado, petrificado;
Eram apenas segundos de calafrios, com suas mãos gelando...
Mas para ele? Pareciam longos anos se arrastando em agonia;
Os segundos se transformavam em longas noites de insônia.
Seu coração palpitava cada vez mais forte,
Fazendo com que aquecesse seu corpo,
Mas não era o bastante, continuava a guardar tamanho sentimento.
Triste rapaz, tanto tempo admirando esses olhos,
Em um olhar que o calava, como se houvesse uma maça em sua boca,
As palavras pareciam não te ajudar... Vivia adiando.
Todos os latejos foram em vão,
Ela partiu, partindo também o coração do amante.
Agora ali se encontrava, olhando as luzes da cidade,
Cinzas do seu cigarro sendo levadas pelo vento a cada trago,
Ainda silencioso; pensativo; distante...
Esperando que um dia... Seu tempo voltasse a passar devagar.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Os espinhos do Zé


Seu Zé já não desfrutava da mocidade;
Andava cansado, tristonho, casmurro...
Acumulava dores em seu peito amargurado.
Olhava o mundo com lentes cinza,
Reclamava de tudo, até os cantos mais belos de um pássaro.

Um dia seu Zé amou;
Mas não chegastes a se casar, ter filhos...
Não! Continuava mesquinho,
Moendo, remoendo seus problemas,
Mas amou...
Há quem diga que seu Zé não sabe mais amar,
Talvez seja verdade.
Pois escondida entre os espinhos das suas palavras,
Adormece uma flor em seu coração,
Fruto do amor que não apagastes da memória.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Como um Pássaro


Às vezes me sinto como um pássaro,
Rasgando os céus em voos rasantes,
O vento que bate em minhas asas é a liberdade.
Sou morfologicamente criado para voar,
No céu não há limites!

Mas agora me encontro engaiolado
Meu lar; meus ares; todos me foram tirados.
Todos os dias, tristes dias, esperam que eu cante,
Mal sabem que meus assobios são de melancolia.
Minhas asas encontram-se cortadas,
A cada brecha que encontro,
Sinto-me impotente a arriscar a fuga.

Acumulo forças em mim mesmo,
Os perigos dos ares não me amedrontam mais,
Não tão quanto essas grades!
Nasci para voar,
Não posso estar fadado ao cárcere,
Afinal, por quais crimes sou acusado?

Feche os olhos e sinta


Ah... A vida pode ser tão bela
Basta fechar os olhos
E cria-la em si mesmo;
Ou olhe para o céu,
Imagine-se nadando entre as nuvens.
Viva, fazendo amor com a vida,
Arranque dela todo gozo e suor.
Às vezes é preciso tirar os pés do chão,
Pois enquanto encontram-se plantados,
Carregam em si, todo o peso do mundo.
Então deixa, vamos viver cada segundo,
Vamos beber e abusar!
Até mesmo a melancolia pode lhes ser conveniente;
Torne intenso cada segundo de existência.
Então amem, e chorem, e riam;
Basta sentir, então viverás! 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Bailando


Extasiado sigo em frente,
Em meio a triste contemporaneidade.
Acho que sempre estaria assim,
Mesmo que vivesse por mil anos.

Tudo pode estar conectado,
Mas continuam sufocados em solidão.
Fantasiando o perfeito,
Como se não fosse ilusão!

Posso afogar-me em duvidas,
Mas sei muito bem o que não quero!
Todos atravessando na faixa,
Sendo conduzidos pelos moldes,
Esquecendo que a vida é como uma dança
Sem coreografias, apenas sendo levados pelo som,
Bailando entre os cegos!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

João, o colecionador de livros


João era um senhor trabalhador,
Não havia aprendido a ler,
Começou a trabalhar desde menino.
Ganhava poucos cruzados,
Mal dava para se alimentar.
Para desespero de sua mulher... era viciado!
Colecionava livros, se encantava por capas,
Perdia horas trancado em seu quarto, 
Depois de gastar suas poucas moedas no que não entendia.
João era orgulhoso, tinha dois filhos letrados!
Admirava as palavras, ficava por horas olhando suas curvas.
Quando moço aprendeu as vogais,
Agora se achava velho, 
Mas folheava as paginas com olhar de uma criança.
Deslumbrava-se com as imagens, mas as letras o encantava.
Deitou-se abraçado a um livro. Não acordou mais!
Estava cansado, foram anos de suor em trabalho árduo...
A maior tristeza do João... Foi morrer sem compreender as palavras.

Latejos de um coração prisioneiro


Sou escravo das palavras
Mal consigo dormir,
Prendo-me em pensamentos,
Insuportáveis, não alcanço respostas.

As indecisões tomam conta de mim
Nenhuma fotografia me traduz,
Nem mesmo as palavras que me faço escravo.
Sou um poço de angústia.

Meu corpo parece ser insuficiente
Estou sempre incompleto,
Mesmo que transborde, sinto faltar espaço.
Tento construir barreiras,
São os versos que as sustentam,

Vejo-me em uma masmorra,
Solitário, estou ciente do final...
Mas um dia me lançarei ao mar!
Sufocarei minhas incertezas,
Em meio aos sonhos realizados.

Nada somos!


Não existe amor incondicional,
Nem que venha durar para sempre,
Um momento vem a não ser amor!
Não existe dor que não pare,
Mesmo que seja por um ultimo suspiro.
Não somos nada, nada é...

Somos um deposito de ilusões,
Amamos, sofremos, choramos...
Mas apenas pelo momento.
Possuímos uma coleção de fragmentos,
Nada é infinito!
Os homens não detém esse poder,
A caminhada é longa, contudo derradeira.

Apenas estamos!
Dentro de doces utopias, formamos a vida,
O que nos alimenta, são os momentos,
A digestão sempre chega,
Fazendo com que as minúcias da vida...
A faça valer a pena.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

A pureza de um menino

Venho sangrando por dentro,
Alucinações brotam em mim.
Minha doença é de um menino, 
Que acredita nas pessoas 
traduzindo a inocência de uma criança.

Tento não me fazer escravo,
Mas vem me consumindo, corroendo o interior!
Dentre os piores sintomas,
Brota a hipocrisia, como o mais nocivo.

Desperdiço prantos ao léu
Não merecem, mas me tornam doente
É inevitável, acredito nas pessoas,
Mesmo as que me ferem por dentro.
A dor que tenho no peito,
São resquícios das cinzas
Que venho acumulando.

Mas continuo crendo nas pessoas,
Mesmo moendo minhas esperanças,
Sementes que exprimem insatisfações,
Consigo ter fé nelas,
Afinal, nem sempre precisamos de motivos.

Os pesos de um sonhador

Esse sou eu, jovem, cansado.
Meu corpo fadiga a cada contração,
Lampejos de melancolia, vem a me traduzir!
Sentado na esquina, não vejo mais nada,
Já me cansei dessa rotina.

Guardo meus sonhos, os alimento,
Não sei se deveria
São eles que me agoniam,
Ou a sensação de não serem realizados.
O problema é viver sem sonhar.

Preciso cuspi-los
Escarrar, os que estão trancados
Mas meu corpo é fraco.
Me deleito em meio ao ócio,
Vago pelas ruas, recolhendo pedaços de mim.

Meus sentidos não são aguçados,
Não sou nada de especial.
Apenas preciso sonhar,
Esse é o meu combustível,
Mas que deixa marcas na parede do tanque.

Os sonhos são os mesmos,
Sempre venho acumulando
Me afogo neles, será que preciso de realidade?
Meus pés não tocam no chão.
Acho que meu destino já está traçado...
Estou fadado a levitar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O SOL!


Ao me despedir do sol
Enquanto o mesmo vai descansar,
Percebo o quanto é humilde.
mesmo em sua imensidão,
Mostra-se menor do que nossas mãos...
Quando está no alto, por mais forte que seja,
Está menor, para que não nos amedronte.

Quanto respeito devemos ao sol,
Ilustre, nos mostra os caminhos.
E quando se deita,
Logo perto as montanhas... 
Se torna maior, se espreguiça de cansaço!
Agora mais suave, já não nos castiga em ardor.

Então ele repousa, beijando o mar,
Um beijo longo, em minha direção.
Onde possa vê-lo se pôr,
Sempre reflete sua luz até mim!
Tão poderoso regendo as cores do céu...
Transformando o azul, em uma explosão de tons.

Ao fechar os olhos, é possível ouvir seu mergulhar
As ondas batem sobre ele e aquecem as águas!
Mas nunca conheci ninguém que chegastes a ele,
Pois a minha maior frustração amigo...
É Nunca ter nadado até o sol.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Em meio a lama.


Mergulho nesse lamaçal
Sem esperanças de enxergar,
De nada adianta abrir os olhos
Eles não iram me ajudar, não agora.

Não adianta ser tomado pelo desespero,
Relaxar é a única maneira de sair.
Vejo pessoas se afundado em agonias,
Na esperança de chegar à superfície.

Na lama não há sentidos!
Poucos conseguem escapar de fato,
Às vezes as ilusões os levam pela correnteza.
Mas sei que nada me prende a lama,
Me protejo em muros que construí, 
Para que não seja levado, feito outro qualquer. 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Fotografia dos teus lhos

Estranho sentir seus incômodos
Transparecidos em seus olhos,
Em meio às ambições contidas
Não permitindo que seus anseios a controlem.

Tímidos olhares,
Sustentados pelo mais belo sorriso,
Que faz com que encante todos ao seu redor.
O que tenta esconder em meio aos sorrisos, morena?

Fico sentado aqui, arriscando te entender,
Será que meu vicio em admira-la
Um dia vai desvendar o segredo do seu olhar?
Tão marcantes, os guardo...
Para que leve comigo, lembranças de ti.

Conversando com o espelho


O que há em você poeta?
A confusão toma conta do seu rosto
Tenta traduzir suas angustias em versos
Mas dentre todos eles...
Ainda não conseguiu se encontrar.

O que vê no espelho, poeta?
Todos os conflitos que encarnam em seu corpo
Deixam na sua face, marcas de agonia
Produzindo em si mesmo, infinitas expressões.

Estourando teu peito amargurado
Por sua miserável prisão social,
Fruto da sua desgraça remoída
Que consegue embaraça teus sonhos.
Mas não adianta fechar os olhos!
Essa não é a fuga do seu cárcere.

É inútil tentar te entender, meu caro.
Deixando preso em seu imo, tamanha agonia.
Acuando por si mesmo, em meio a tantas ilusões,
Esmagando em seu reflexo, todos os lamentos trancados.

Por mais intensos que sejam seus versos
Não conseguem expressar os nervos em seus olhos
Dono de um olhar nebuloso, ofuscado,
Sua maior inquietude... Vive em si mesmo.

Qual é o combustível da vida?


O tédio escorrendo pelo meu olhar
Sinto falta de algo a me prender
Não que precise de verdades absolutas
O desapego me faz bem.

Sinto uma enorme lacuna em mim
De uma vida vazia, sem sentido...
Onde procurar o desconhecido é o suficiente
Tornando-me parte de tudo
Sarando feridas com o tempo
Buscando conhecimentos inseguros
Onde todos são donos da verdade!
Mas que verdade é essa?
Que todos eles conseguem obter...

A vida é vazia! Temos que aceitá-la assim
Nos à transformamos assim
Onde sentimentos se diluem
Mas aproveitando as pequenas coisas
Eu vou seguindo em frente.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Quanto mais suor, melhor.


Corpos quentes e molhados
Respirações ofegantes, suados
Todos nos precisamos de mais disso
Calor, amores e paixões
Por mais que durem apenas uma noite.

Quando mais suor... Melhor!
A cada toque desejado
Imprimimos um conjunto de sensações
Nossos corpos se envolvem simetricamente.

Então após o escárnio da nossa carne
Podemos sentir um suspiro de prazer
SENTIR! Cada movimento teu
Até pôr a cabeça em meu peito
E respirar satisfeita, por mais uma dança.

É carnaval, meu bem!


Então vem, meu bem!
Já estão todos na rua
Compartilhando alegria
Eu já posso escutar.

Vem meu bem!
As chamas já estão acesas
Vamos desfrutar do nosso suor
Do calor da avenida
É carnaval, é salvador!

Vamos logo, amor...
O chão deve estar quente
Todos eles não se cansam de pular
E a cidade toda iluminada, não para!

Estão todos rendidos
O povo baiano, nordestino
Balançando gostoso
Nos braços da nossa mãe
No colo da salvador.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Personalidades

Sempre que observo a minha volta
Uma certeza venho a concretizar
Somos todos ridículos!
Todos presos na ilusão do normal.

Cravando em nos mesmo
Certezas, normalidades, morais
Por mais que moldados
Somos ridículos.

Ridiculamente engraçados
Sim! Ridiculamente sentimentais
Belos, tristes, vazios...
Se acaso a aflição for presente,
Por mais intensa que seja a melancolia
Vejo o quanto evitar o ridículo é inútil.

Todos nos, grandes atores
Interpretando a nos mesmos
Sendo fieis aos personagens
Sem perceber o quanto nossos gestos
Por mais sérios que sejam
são ridículos.

Retalhos


Nascem em mim, pedaços
Criados em mim, retalhos
Mosaico que forma o que sou
Um pouco de tudo, de todos.

Dos que passaram por aqui
Deixaram sempre um bocado
Tantas verdades, tantos marcaram
Marcas de experiências, de gente
Como a gente, tão diferente.

Tudo que em mim assentar
São peças do continuo quebra-cabeça
Que não há de terminar
Nem no meu ultimo suspiro.

Sempre em outros vivera
Partes dos meus retalhos
Sementes que cultivei
Para que continuasse existindo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Olhos Negros



Percebi dentro de seu tímido olhar
O leve desvio ao encontro do meu
Criando em mim, fagulhas de esperança
Não consigo imaginar, porque me atraio a ele.

O seu jeito a torna tão linda
Mas os seus olhos, por mais lindos que sejam
Provocam-me constantes fios de agonia
Finos, tão quanto dolorosos.

Não sei o que significa, é tão misterioso
Enquanto seus olhos me dizem que sim
Teu sorriso meio tímido e sem graça
Deixa-me afogar em duvidas.

Preciso descobrir o que suas íris
Refletem em meio à escuridão dos seus olhos
A mesma que é capaz de me causa arrepios
E que quando menino, não me deixava dormir.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Lua Cheia


Então hoje me despeço novamente 
Que por mais linda que seja, é singela
Transformava  noites até então vazias 
Em espetáculos de luz, inspirando magia

Despertando os sentimentos trancados
Fazendo-me desligar da monótona correria
Para que possa, simplesmente admira-la
Em sua perfeita maestria singular

Agora aqui estou, olhando cada dia pela janela
Com a esperança que ela volte a brilhar
Até o momento em que volte a me visitar
Para terminarmos as conversas de outrora

Como um simples copo d’água
Quando o seu limite já não é o suficiente
Novamente encarno o mesmo poeta
Transbordando ao te olhar.

O Disparo


Pá! O tiro saiu pela culatra
Revólveres invertidos
O estouro faz calar a multidão
E o Cheiro de pólvora
Bloqueia o sentido do disparo

Todos eles pasmos
Vitima de si mesmo?
Ou daqueles assustados
Que em pé e estarrecidos
Perguntam-se a razão...

Tudo lhe foi negado
Nada mais fazia sentido
No encargo daquela dor
Fez com que viver não fosse preciso

Com o diabo em si mesmo
Encarnam a crueldade natural
Relatando o acontecido
Fazendo de sua vitima
O único acusado...

Indecisões


Estou pensando em começar a ser mais eu mesmo
Mas a confusão imprime minha alma
Faz com que possibilidades sejam regadas
Que sonhos jamais sejam refutados

Preciso encarnar em mim, o meu verdadeiro eu
Mas não consigo me achar de forma tão leal
Não sei quem de fato sou, mudo a cada estante
Como uma cobra vivo jogando fora minha casca

Eu não sei quem de fato sou
Minha moral é implantada para se ter uma verdade
Do que é certo ou errado, mas do que quero mesmo fazer
Muitas coisas me fazem bem, mas a indecisão
Desobstrui as lagrimas guardadas em meu coração

Eu de fato não sei, se realmente sou como gostaria de ser
Meus sonhos frustrados demonstram minhas incapacidades
Meu medo supera o meu desejo do não arrependimento
Minha ansiedade se auto alimenta
Produzindo dentro do mesmo, o que te sustenta

Ah... Se eu conseguisse descobrir o que de fato sou
Se realmente sou o poeta apaixonado
Cheio de duvidas e frustrações, que me afogam em mim mesmo
Com versos simples carregados, necessitando do afago

Querendo descobrir em mim mesmo
As respostas de minhas inquietudes e o conforto d’alma
Escrevendo e liberando os sentimentos guardados
Que me ajuda à admitir, todo o peso em que carrego
Todo o peso que me prende aos meus versos.

Palavras


Dentre as mais nocivas drogas
Encontro nelas, as palavras
Uma vez dentro delas
Sua viciosa utilidade
Não me fazem parar de usa-las

Seu poder de destruição
São como estacas pontiagudas
Gravadas em meu peito
Onde a falta de ar
Mistura-se com a dor e agonia

Por outro lado são incríveis
Dentro delas criamos um mundo
Traz , por trás, todo um sentido
E depois de cravejadas no peito
Tornam-se parte de mim

Coleciono palavras
Como e fossem as figurinhas
Dos meus tempos de menino
Cada uma com um significado
Mas essas podem se repetir

Coleciono frases
Porque nelas estão expressas
Muito mais do que palavras
Mas todos os seus sentimentos
E mensagens, explicando às vezes
Como de fato me sinto

Coleciono palavras
Porque com elas eu formo versos
Ou até usadas aleatórias
Podem representar um pouco de mim

Acumulo mais palavras
Do que bagas de cigarros
Em uma mesa de fumantes
Desesperado, as trago
Para saciar o meu anseio.

Poeta Incompreendido



Faço dos meus versos, o meu desabafo
De uma vida crua, sonhos não realizados
Me sinto disposto a caminhada
Mas meu medo me prende no presente

Desgastado dessa monotonia
Preciso de coisas novas para viver
De deixar de ver, todos os problemas reais
De fazer das tristezas... poesia

Que meus sonhos jamais sejam perdido
Que eu nunca esqueça o sentido
De que viver é muito mais
Do que eu mesmo possa explicar.

Poço Cotidiano


Dessa realidade cinza
Sem graça razão
Moralidades traiçoeiras
Construindo besteiras

As essências esquecidas
Um mundo real
Cruel e mesquinho
Moderno, desleal

Sem poesia, sem espírito
Personagens fictícios
Matando seus imos
Se tornando igual

Pisando em cacos de vidros
Feridos e sangrando
Persistindo na caminhada
Sem direção.                                        

Sátiras


Piadas contadas, tirando risadas
Ruas vazias de gente sem graça
Sentadas na praça, contando piadas
Pessoas normais, da nossa desgraça

Minha liberdade, não  encontro mais
Preciso de algo que inspire ao delírio
Caminhando na praça, não vejo piadas
Conversas vazias, em ruas sem graça.

Apagão



Então, tudo se apagou...
As pessoas correm para as ruas
Em busca de um raio de luz
Angústia que os aproximam!

Os que aproveitam, admiram calados
Como um casal apaixonado, ou crianças
Tentando enxergar o cavaleiro sobre o dragão
Enquanto os mais quietos
Deitam na cama, entrelaçados em seus lençóis
Com medo da escuridão e do mundo lá fora

Quando tudo se encontra belo e perfeito...
É possível ouvir um estalo de um relampejo
Maquinas, equipamentos, computadores...
Tudo volta a funcionar!

Então uma gritaria se espalha!
Anunciando e comemorando a sua chegada
Mas, logo que tudo volta ao “normal”...
O silêncio das vidas vazias volta a pairar
E como um surto de amnésia...
Esquecem a luz do luar.