quarta-feira, 17 de julho de 2013

Os Frutos Vermelhos

Tento fincar raízes como uma árvore frutífera
Que produz seus frutos sem razão
Sem almejar usufruir dos teus sumos
Como toda natureza que produz sem esperar

Embora o vento estremeça meus galhos
Alguns frutos ainda apodrecem sem cair
Sem se quer chegar ao solo para decompor
Nem alimentar nenhum pobre faminto
Que desesperado anseia por lhes saciar

Belas e brilhosas frutas vermelhas  
Que instigam e matam a fome
E que remetem ao sangue do que por elas lutaram
Torno-me então mais uma árvore
Para que minha sombra chegue a todos. 

sábado, 13 de julho de 2013

Pesos e Aflições

Às vezes todos os pesos estão em minhas costas
Como se carregasse o mundo inteiro comigo
E as agonias virassem respostas
De todas as aflições que já não sei lidar

Correntes que me prendem ao chão
Em insistentes tentativas de caminhar
Machucam meus pés e mãos
Que sangram em afluência!

Palavras, Palavras, Palavras...
Todas jogadas ao vento  
Como se de nada valessem
E com desculpas sempre curassem

Mas os pesos ainda me envergam
Não podendo te oferecer mais nada
Apenas como se a cada verso
Pudesse suspirar aliviado.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Olhos de Tigresa

Te vejo daqui parado
Com teus olhos de tigresa
Me devorando por inteiro
Como sua futura presa...

Fixa teus olhos aos meus
Provocando-me arrepios
Com suas garras que apavoram
Mas com seus pelos tão macios.

Os seus rugidos já não me abalam
Como as íris que me enfeitiçam
Devorando minh'alma pelo avesso
De dentro para fora
Com esses olhos cor de mel.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os Meninos de Outubro

Todo homem já foi criança
Cultivando em si os sonhos de menino
Presos a vontade por liberdade
E pelas escolhas de suas paixões
Para continuar vislumbrando-se no que ser

Continuo enquanto menino
Sem aceitar a besta devoradora de fantasias
Que explora tudo o que mais valia
E coleciona os gritos de misericórdia
Clamando por igualdade e melhoras

Todos conservam em si o desejo pela mudança
Entre o colarinho branco e o jeans azul
Somente a esperança lhes resta
De que melhores outubros estão por vir.