quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Medidas de Vento

O tempo são medidas
Variáveis ao vento
Levando contigo as palavras
Que já não dizem mais nada

Medidos em ponteiros
Acertados pelos momentos
Sem competir pela sanidade
O poder de lhe julgar

O mesmo que voa e se arrasta
Entre a doce alucinação
E amarga realidade
Por desventura do destino
Não destina o próprio tempo.



terça-feira, 20 de agosto de 2013

Amarrados Pelas Classes

Estamos presos as amarras
Que nos separam pelo ter
Mediante ao poder
Dos colarinhos com gravatas

Castigados pela ilusão
Que o privado também é nosso;
Ofuscados pela exploração
Acreditamos: “tudo posso!”

O espectro que rondava
E que ontem ainda mais valia
Absolutamente nada
Para os braços que trabalhavam
Mas continua a se reproduzir...

Que nos livremos da alucinação
Da livre escolha de consumir
Pelas amarras que nos prendem
As nossas classes de possibilidades. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Brilho do Povo

O por do sol na favela
Que não se esconde entre o mar
E sim pelas casas sem reboco
Daqueles que não podem optar

Descansando para que chegue a lua
E batize toda cidade cinzenta
Com as luzes do morro
Que piscam em assimetria

Imêmore por tamanha beleza
Não sabem das dores ali vividas
Pelo seu povo sofrido
Marcado pelo trabalho
Jogados aos buracos
De vida batalhada e difícil

Entre o samba e sacrifício
Nada os podem abalar
Nem as balas de fogo
Do comandante teimoso
Que os deseja exterminar

As palas são retas, seus papos também
Estreitando olhares misturados
Entre agoniadas e difusas formas de lidar
De favelados valentes
Mesmo preso a correntes
Não deixam de amar.


domingo, 11 de agosto de 2013

Tão Formosa Rosa

Tão formosa tu és
A mais bela flor silvestre
Que nem me atrevo a colher
Pois em qualquer jardim que esteja
Arrancara suspiros por sua beleza

Tão formosa quanto ela
Que nem quero ter como minha
Já és tão bela assim
Sendo livre pra me amar

Espinhosa como uma rosa
Seu lindo perfume a exalar
Espero sem demora
O dia de te reencontrar

Mas suas besteiras de menina
Crer que o amor é egoísta
A ponto de se trancar. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Paredes de Sangue


Porcos e homens se confundem
Misturados pela lama
Separados pelas classes
Comendo as migalhas
Vivendo das sobras

Em meu peito encontro uma saída
Correndo pelo sangue em afluência
As batidas utópicas de um coração

Minhas veias puncionam mais fortes
Arrebentando qualquer fronteira
Para que não me esbarre em limites
E nem esquecida seja
As masmorras d’outrora.